Você me quer assim: calado e estático, boneco de trapo (ou porcelana).
Sem vida nos olhos, empoeirando em tua estante mais alta - aquela pela qual você passa os olhos sem querer quando vai consultar as horas naquele velho relógio suíço na parede.
Quando aperta a solidão, você me pega e dá corda, mas só você ri com as tuas brincadeiras. Faz-se ventríloqua, colocando palavras em minha boca. Me veste como se esse GI Joe fosse o Ken.
E não basta o Ken.
É preciso as casas (de praia e campo) do Ken, o barco do Ken, o carro esportivo do Ken. Você ridiculariza o quimono vermelho e menospreza a faixa preta.
Quando decide ser adulta, me transforma no brinquedo que te faz gozar.
Moça, com o coração dos outros não se brinca. Essa pilha que você quer colocar não me cabe e só você não percebeu que há muito estou escangalhado.