domingo, 22 de agosto de 2010

É Só Um Desabafo, Juro.

E novamente vejo-me fitando o horizonte, tão compenetrado e envolvido que até parece que teus olhos nele surgirão a qualquer momento dando a inspiração necessária para vencer qualquer adversidade e ser absolutamente tudo a que eu aspire nessa vida. Ou simplesmente escrever um bom texto.

Uma vez mais eu sinto minhas asas, e ventos ascedentes, e nuvens frias, e o calor do sol. Todas as condições perfeitas para te pegar pela mão e voar alto o bastante, a ponto de fazer o planeta desaparecer sob nossos pés e termos, enfim, a privacidade pela qual procuramos por toda noite.

De novo sinto aquela brasa no peito que se espalha por todo meu corpo enquanto tento eclipsar o verde da tua íris com o negro da pupila. Fazer-te suar em pleno polo, abraçar com a certeza de quem quer estar ali, presente, eternamente ainda que por um breve instante.

Outra vez sinto-me gigante diante de tudo que ousa se posicionar contra o meu querer, mas não mais marcho com prepotência, e sim com a convicção de que minhas escolhas são as melhores para mim. Não mais caminho na tua direção, apenas certifico-me de que a trilha que percorro seja agradável o bastante para que queiras dividí-la comigo.

Agora fecha os olhos, morena. Viver é bom, outro poeta já te disse. Estamos aqui só para provar isso ao resto do mundo. Deixe que eu te acolha e proteja; como se não soubesses que o motivo da existência do meu braço e do meu abraço é dar-te toda a segurança do mundo - fazer apenas com que sintas a mesma grandeza que inspiras em mim, agora, mesmo na tua ausência, enquanto fito o horizonte esperando teus olhos raiarem com o sol.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Meu-Lírico

Olha só, precisamos conversar. Eu te dei toda a liberdade do mundo para se expressar da forma que você quisesse. Dei-te a opção de ser homem, mulher, bicho, bicha, planta ou criança e você parece que está abusando dessa minha flexibilização literária. Francamente, parece até que você quer me substituir.

Não me leve a mal, eu te entendo perfeitamente. Passamos anos em silêncio um com o outro, acumularam-se palavras, as quais você tenta desesperadamente contar a mim para que sejam comentadas, mas talvez seja melhor pegar leve com essa proximidade. Já rola aquele papo de que escrever é coisa de viado; tendo você grudado a mim fica difícil o povo não comentar.

Calma, respira. Eu sei que te enfurece, a mim também. Temos aquele quê Keynesiano (também odeio aliterações) de fazer as coisas pela povo, é triste quando não reconhecem o esforço de cada um de nós. Ficam por aí dizendo que eu sou você, que você sou eu. Puta coisa mais sertaneja.

Discordo, calar não é a opção. Você sabe tão bem quanto eu que é necessário falar o que falamos, apontar o que apontamos, criticar o que criticamos (também acho paralelismo sintático uma construção pobre), enfim, por a boca no mundo para prosarmos seriamente a respeito das asneiras as quais vemos por aí.

Fico feliz por termos conversado. Desculpa se te ofendi ou magoei, mas achei que seria melhor resolver logo isso do que deixar acumular. A propósito, dessa vez quem vai falar serei eu e somente eu.

...ah, pro inferno com o que vão comentar. Me ajuda a escrever uma crônica?