quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Meu-Lírico

Olha só, precisamos conversar. Eu te dei toda a liberdade do mundo para se expressar da forma que você quisesse. Dei-te a opção de ser homem, mulher, bicho, bicha, planta ou criança e você parece que está abusando dessa minha flexibilização literária. Francamente, parece até que você quer me substituir.

Não me leve a mal, eu te entendo perfeitamente. Passamos anos em silêncio um com o outro, acumularam-se palavras, as quais você tenta desesperadamente contar a mim para que sejam comentadas, mas talvez seja melhor pegar leve com essa proximidade. Já rola aquele papo de que escrever é coisa de viado; tendo você grudado a mim fica difícil o povo não comentar.

Calma, respira. Eu sei que te enfurece, a mim também. Temos aquele quê Keynesiano (também odeio aliterações) de fazer as coisas pela povo, é triste quando não reconhecem o esforço de cada um de nós. Ficam por aí dizendo que eu sou você, que você sou eu. Puta coisa mais sertaneja.

Discordo, calar não é a opção. Você sabe tão bem quanto eu que é necessário falar o que falamos, apontar o que apontamos, criticar o que criticamos (também acho paralelismo sintático uma construção pobre), enfim, por a boca no mundo para prosarmos seriamente a respeito das asneiras as quais vemos por aí.

Fico feliz por termos conversado. Desculpa se te ofendi ou magoei, mas achei que seria melhor resolver logo isso do que deixar acumular. A propósito, dessa vez quem vai falar serei eu e somente eu.

...ah, pro inferno com o que vão comentar. Me ajuda a escrever uma crônica?

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